quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Carta de amor

                                                                                     Lisboa, 15 de dezembro de 1855
  Meu amor,
   Há já muito tempo que te queria escrever mas as circunstâncias não o permitiram. A minha vida tornou-se muito agreste desde que deixei a província. Não consigo segurar um emprego durante muito tempo, a minha casa não tem as mínimas condições e o meu ordenado mal chega para  eu me sustentar.
   Mas, no meio de todas estas tormentas, o meu suporte és tu. É a tua lembrança que mantém viva em mim  a vontade de  lutar para ser melhor e para tentar sair desta miséria.
   Posso não te ver, mas sinto a chama do teu amor no meu coração, que me aquece nas noites gélidas e me guia no meio da escuridão.
   Quando me apetece desistir, imagino a tua voz a pedir-me que não o faça e logo recuo.
   Sou apologista da ideia de que a saudade alimenta o amor, mas sei que custa muito estar logo da pessoa que se ama para alimentá-lo.
   Sinto falta do teu sorriso, da tua voz, de beijar os teus lábios , de me perder nessas tuas  curvas.
   Sei que fui inconsciente em vir para Lisboa sem ter emprego nem morada fixa e, por isso, peço desculpa por te ter abandonado devido à minha inconsciência e impulsividade.
   Mas, aqui e agora, prometo-te que ,o mais tardar possível, irei ter contigo, meu amor, para recuperarmos o tempo perdido e, juntos, construirmos a nossa vida, tendo como base a confiança mútua, a fidelidade e , acima de tudo, a amor que nos une.
   Beijos apaixonados do sempre teu
                                                                                                                   Henrique Vaz 

Sem comentários:

Enviar um comentário